terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Tantra não é somente sexo



Tantra não é somente sexo, não é Kama-Sutra, nem um místico prometendo orgasmo cósmico ou uma suposta “casa de massagens” ou grupos de sexo grupal. Não é tara ou desvios sexuais. Talvez somente algo em torno de 5% de todos os textos e ensinamentos tântricos é de contexto sexual. 

O maithuna – ato sexual tântrico, mas que fique bem claro: o Tantra não é somente sexo. O tantrismo não é seita ou religião, apesar de estreitar as relações entre o homem e os aspectos sutis do Universo, e não possui nenhuma prática de sacramentos maléficos. Apesar de o mestre Osho citá-lo muito, este hindu iluminado, no final de sua visita nesse planeta, apontava muito mais na direção do zen do que do Tantra.
O Tantra não é voltado só ao prazer comum, orgástico. É, sim, encontrar o êxtase masculino e o êxtase feminino, conhecido como Ananda Mahasukha. É uma prática que não apresenta nenhuma contra-indicação apesar de alguns livros escritos por leigos afirmarem isso. Pelo contrário, Tantra visa muita saúde, bem-estar, alegria consciência e muito amor-próprio.
Tantrik ou Tantra é uma filosofia antigüíssima, originária da Índia e que busca o reconhecimento do Purusha (Consciência, Essência) através de métodos práticos e técnicos, como posturas físicas (ásanas e Yoga), respirações, concentrações, cuidados com a alimentação, e um universo de técnicas que se utiliza da vida como um todo de forma prazerosa e libertária. É a união de Purusha com Prakriti (matéria).
Como filosofia de vida prática e não especulativa não há energia gasta no “por quê” e sim no “como”; um exemplo é em vez de se preocupar com o “por quê” do sofrimento, se busca o “como” ser feliz, daí o Tantra é conhecido como uma filosofia comportamental que o estimula a saber quem você é, como ser feliz, livre, energético e, dentro do possível, auto-suficiente. Encontramos várias linhas de Yoga e várias escolas filosóficas comporta-mentais de origem tântrica.
O praticante de Tantra é chamado de sádhaka (homem) e sádhika (mulher) ou tantrika (ambos), e buscam um modo de vida que oferece a transcendência, a iluminação (realização), pela alegria, arte e celebração. Que sacraliza tudo da existência: homens, animais, natureza, dança, música, alimentos, perfumes, ciclos naturais, coisas simples do cotidiano e também o sexo, que tem como base a vitalidade do prazer, da brincadeira e do compartilhar. O sexo que leva ao carinho, à amorosidade, ao amor universal expresso no companheiro; o sexo que leva à integração , yin / yang; corpo / mente.
O Tantra aponta em direção a tudo que é natural no ser humano, o contato com a natureza, a descoberta do seu ser por meio do amor e do respeito ao próximo, a exaltação do companheiro em nível de  tudo com a maior naturalidade e desprendimento, sem tabus ou regras retrógradas e anti-libertárias.
A palavra Tantra tem a sua magia, ela instiga a imaginação do leitor, porque permanece guardada num arquivo de memória de milênios, assim é um mantram (som metafísico, palavra de poder) a qual muitas pessoas, ao ouvir a sua pronúncia sentem vibrar seu inconsciente coletivo, despertando interesse por esse assunto.
Foi assim comigo. Grande parte da transmissão dos ensinamentos tântricos são feitos de forma de boca-ouvido (Vakrat Vak Tantraram).
O termo Tantra vem do sânscrito, é uma palavra do gênero masculino e significa “teia”, crescer, desenvolver (prefixo Tan), instrumento (sufixo Tra), origina-se dos termos tanoti (elevação, expansão) e trayati (consciência). É aquilo que expande a consciência. Gosto muito da definição do yogue belga André Van Lysebeth: Tantra é “um corpo de doutrinas e, principalmente, de práticas milenares ou instrumento de expansão do campo da consciência comum, para alcançar a supra consciente, raiz do ser e receptáculo de poderes desconhecidos, que o Tantra quer despertar e utilizar. 
Finalizando, cito a auspiciosa definição que o Iluminado Osho nos dá do Tantra:
“O tantrismo é uma busca experimental que visa eliminar o sentido ilusório e conflitual de ser um ego. Separado, a fim de nos conduzir à consciência de nossa verdadeira realidade, que é eterna as nossas energias físicas, sexuais e mentais, ensinando-nos a ver o caráter sagrado de toda a vida.

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