domingo, 30 de março de 2014

Sinta o sexo com o corpo todo, com todos os sentidos


Texto por Deva Sangito

Segundo pesquisa recente conduzida por uma fabricante de preservativos, apenas 22% das mulheres costumam atingir o orgasmo em suas relações, ao passo que 62% dos homens relatam dificuldades em manter a ereção durante o sexo. Ainda na mesma pesquisa foi revelado que 40%  de todos entrevistados dedicam, no máximo, 15 minutos do seu precioso tempo às preliminares e que 51% dos homens e 56% das mulheres estão insatisfeitos com sua vida sexual.
Ou seja, você que lê esse artigo, provavelmente não sabe transar direito.
Talvez nunca tenha explorado o próprio corpo de uma maneira saudável – não conta aqui aquela masturbação de 5 minutinhos no banheiro – não deve ter ideia do tipo de toque que lhe dá prazer, o que lhe desagrada e, provavelmente, deve fantasiar mil e uma cenas pornográficas para conseguir manter a excitação durante a transa.
Outro dado interessante da pesquisa, porém, é que cerca de 17% das pessoas procuram informações em artigos que possam ajudar no desempenho e melhorar a vida sexual. Talvez seja nessa intersecção de grupos que você se encontre. Então vamos começar com a parte que interessa.
Antes, entenda uma coisa…
Embora muitos tentem te vender essa ideia, não existe um manual, um passo a passo do sexo que transforme você em um Don Juan – ou um Kid Bengala – de uma hora pra outra, simplesmente assimilando teoria. E digo isso pois, trabalhando como Terapeuta Tântrico, vejo várias pessoas procurando o sexo tântrico como se fosse um manual de super performances. Embora existam sim alguns princípios no Tantra que podem abrir um pouco os olhos dos desinformados – princípios que trabalham o nosso corpo, o reconhecimento do outro e que podem aumentar a intimidade do casal, melhorando muito a vida sexual!
O que diz o Tantra
Vamos deixar claro que, embora o Tantra trabalhe a energia sexual – chamada em sânscrito de Kundaliní – e possua um ritual que apresenta sexo – o Maithuna – ele não se limita a ser um guia para transar melhor. Longe disso. O Tantra é uma filosofia comportamental que engloba uma série de atividades, desde a alimentação, o trato com o corpo, a utilização dos sentidos e várias outras práticas. O sexo tântrico é só uma pequena parcela dos ensinamentos do Tantra. .
Falando sério agora…

Para o Tantra, ninguém pode ser responsável pelo prazer do outro.Cada um deve ser responsável pelo seu prazer, pelo autoconhecimento da sua própria sensibilidade. Ao contrário do que você pensou, isso não quer dizer “Masturbe-se!”, mas sim que você deve conhecer seu corpo como um todo – os tipos de toque que lhe trazem boas sensações, os toques que não agradam, tomar ciência da sua respiração, da sua presença no momento. Dada a nossa educação sexual tão problemática – com aulas ministradas quase que exclusivamente por atores pornôs – acabamos nos tornando condicionados a usar recursos mentais para criar fantasias e aumentar nossa excitação mesmo durante o sexo. Isso leva ao chamado orgasmo psicogênico – aquele que parte de estímulos cerebrais – que é tão fraco e insatisfatório que pode levar à compulsão sexual (ou, para os mais solitários, um histórico de navegação que deixaria qualquer CD da Valeska Popozuda no chinelo).
O Tantra não só tira esse orgasmo da sua cabeça, como o traz o corpo todo. Todinho. Não apenas para as genitais, como estamos habituados. Algumas técnicas do Tantra tem por objetivo encadear diversos agrupamentos musculares do corpo para reagirem aos impulsos bioelétricos do orgasmo. Isso expande a sensação orgástica, aumenta o prazer e efeito terapêutico que o sexo tem.
Tá, mas e o Sexo Tântrico?
Maithuna - o sexo na ritualística tântrica – é algo difícil de se explicar com palavras. Como tudo no Tantra, ele precisa ser vivido, experienciado. Mas, para não deixar você dormir com essa e sair do SOS se sentindo enganado, vamos tratar um pouquinho do assunto.
Muita gente pensa que no sexo tântrico existe um livro dos recordes sobre as performances mais demoradas do mundo, ou uma competição acirrada pra ver quem goza por último. O fato do Maithuna levar mais tempo que sexo trivial não significa que essa seja sua meta.
No sexo tântrico, o objetivo é elevar a energia do casal, gerando assim novos estados de percepção e consciência, e não livrar-se dessa energia em um orgasminho de 5 segundos. E para elevar essa energia é preciso tempo, que é aplicado em um processo extremamente prazeroso; o casal aprecia o corpo um do outro com todos os 5 sentidos, sem pressa alguma. Demorar horas e horas não é o objetivo do Sexo Tântrico – é a consequência.
Cheira-se todo o corpo do parceiro em busca de feromônios para misturá-los com a saliva, alterando a bioquímica da pele. O toque é redescoberto, sendo levado a regiões fora da zona erógena, mas que podem despertar sensações extremamente prazerosas. As palavras trocadas são doces, de carinho e afeto e nada, mas nada mesmo se inicia antes de uma íntima e acalentadora troca de olhares. Olhos nos olhos, sem correria, aumentando a intimidade do casal, criando cumplicidade e fazendo aflorar o sentimento de compaixão.
Mais calma, menos fantasia, pouco pensamento e muita sintonia; esse é o começo do caminho para você transformar a sua relação sexual. Prolongue as preliminares, não corra em direção ao orgasmo; converse com seu parceiro, pergunte, proponha, ouça. Sinta o sexo com o corpo todo, com todos os sentidos. A sorte é que, mesmo que você não saiba transar direito, pelo menos o aprendizado é delicioso!

Deva Sangito é terapeuta tântrico do Centro Metamorfose, onde atende com o método Deva Nishok de Massagem Tântrica.

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