sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Shibari - Uma abordagem tântrica



Me amarra? 

A arte japonesa de amarrar, shibari, possibilita uma gama de experiências corporais bastante peculiares. As cordas oferecem suporte, envolvem, e podem proporcionar sensações semelhantes àquelas de um abraço. Compreender as cordas como extensão dos nossos braços nos permite explorar inúmeras maneiras diferentes de abraçar o corpo todo. Ao amarrar ou nos deixar amarrar estabelecemos um jogo de confiança e entrega mútua – o encontro entre dois corpos se transforma numa dança em que amor, proteção e prazer se complementam. Ao mesmo tempo, a clara divisão de papéis criada artificialmente induz a uma situação em que temas como poder e responsabilidade não podem ser ignorados, convidando-nos a desenvolver uma percepção mais aguçada de nós mesmos e do outro.

Uma das primeiras lições que aprendemos com as cordas é que intensidade e gentileza não são necessariamente contraditórias; conectar-se a um parceiro através das cordas com suavidade pode ser altamente gratificante. De uma certa forma, o trabalho com as cordas remete a uma massagem; as cordas pressionam diferentes pontos do corpo e levam a um relaxamento, por vezes até mais profundo, pois a mente tende a se render à perseverança de tal abraço, em que quase não há brechas para cogitar quaisquer ações. Demarcando os limites do próprio corpo, as cordas podem direcionar a nossa atenção para dentro; amarrar ou ser amarrado pode ser uma atividade absolutamente meditativa.

Ao experimentar ou presenciar este estado de entrega total, podemos descobrir outras maneiras de expressar ternura ou de ter prazer. A que ponto as sensações de toque se transformam pelo simples fato de estar amarrado? O que me atrai em amarrar ou ser amarrado? Com quais limites me deparo e como lidar ou brincar com eles de modo saudável?

O universo das cordas é vasto, profundo, dinâmico. E repleto de chances para reflexão: talvez a consciência dos próprios limites venha à tona, ou uma abordagem mais contemplativa nos traga inspiração. Ou quem sabe, a interação se torne mais selvagem ou simplesmente extremamente divertida? Uma chance imperdível para quem deseja se entregar e se descobrir!

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