segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

SENSIBILIDADE E PERCEPÇÃO


Tem-se uma ideia muito firmada de que o sexo é um simples contato recheado de roça roça em que o objetivo é atingir um ápice para depois dele morrer, dormir ou cair ao lado do parceiro...
Criou-se também a ideia de que o sexo está ligado a tensão, onde o roça roça vai ativando mais e mais essa tensão até que se chega num ponto em que não mais consegue-se segurar e aí libera-se a energia que vem cristalizada em forma de sêmen, seja ele o masculino ou o feminino, mais raro, mas nem por isso incomum.
É a mesma coisa que encher e encher balões. Chega-se uma hora que ou você solta o ar ou então o balão estoura.
A pornografia em geral reforça essa tese que acaba gerando um vício descontrolado de provocar tensão e depois descarregar, num ato recheado de superficialidade e distância. E acabamos assim levando isso para a vida como um todo.
Essa mania nos mantém presos numa esfera bastante superficial e muito pouco prazerosa, sendo que muitos deixam até de gostar e de praticar o sexo por esta razão, sem perceber que há muito mais por ser explorado e que essa iniciativa deve partir da intuição, da nossa sensibilidade que deve também estar em tudo na vida.
Quando me abro a observar tudo a minha volta, começo a ativar meus recursos de SENSIBILIDADE E PERCEPÇÃO que vão influenciar e funcionar da mesma forma na hora do sexo e me mostrar, pelo menos como uma suspeita, de que há muito mais a se conhecer e viver ali.
Essa forma tradicional de se relacionar sexualmente é cansativa e tediosa.É por isso que ficamos, sem perceber, insatisfeitos com o parceiro e vamos procurar outros na esperança de achar algo novo que na verdade não acontecerá se mantivermos o mesmo padrão de comportamento.
Não se trata de simplesmente esquecer a ejaculação, que pode sim ocorrer, mas lembrar e praticar todo um conjunto de ações e sensações muito diferentes do que a maioria faz.
Mas a sensação de alívio daquela tensão criada durante o ato, que acaba descarregando também um pouco das tensões geradas no dia a dia é viciante. E hoje, depois de anos e anos do mesmo ato repetitivo, só mesmo um basta muito forte e decidido para virar esse jogo que joga contra nós, contra o nosso crescimento e prazer.
Nosso corpo está perfeitamente equipado para produzir sensações, vivências, prazer e gozos indescritíveis. O gozo deve ocorrer no corpo todo e por períodos muito maiores que aqueles poucos segundos experimentados na descarga das tensões.
Esse mecanismo é tão perverso que o sujeito acaba se acostumando a juntar tensões o dia todo, por qualquer coisa, achando que a contrapartida será um gozo "melhor", nem que seja o da punheta.
Vivemos então sob tensão, e esta, apaga e restringe muito nossa capacidade de perceber às infinitas possibilidades de prazer e conexão. Vivemos numa porra de gozinho (muitos nem isso) achando que é desse jeito e por fim cometendo um dos maiores crimes que existem: Cortar o nosso próprio prazer e viver sob tensão.

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