segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O PRAZER DA QUEDA


Idealizamos tanto o amor que deixamos de dar a devida atenção ao seu relacionamento íntimo e direto com o sexo, principalmente com as nuances erótica e sensual do sexo. Defini o amor como a antecipação do prazer, mas é particularmente o prazer sexual que impele o indivíduo a cair de amores por outra pessoa. 

Psicologicamente, está envolvida uma entrega do ego ao objeto amado, que passa a ser mais importante para o self do que o ego. A rendição do ego, porém, acarreta um movimento descendente de excitação para a intimidade do abdômen e da pelve. Este fluxo descendente provoca tremores deliciosos e sensações de derretimento. Literalmente, derrete-se de amor. Acontecem as mesmas sensações amorosas quando a excitação sexual da pessoa é elevada e não se restringe à área genital; precede toda descarga orgástica completa.
É estranho, mas o ato de cair dá lugar a sensações semelhantes e é este o motivo de as crianças sentirem tanto prazer em balançar. O abandonar-se à queda do movimento de balançar produz no corpo deliciosas correntes de energia. Alguns de nós talvez nos lembremos desses sentimentos adoráveis. Podem ser vividos também nas quedas do carrinho de montanha russa que, tenho certeza, é o motivo pelo qual essa diversão é tão popular. Muitas atividades que envolvem o cair garantem um prazer semelhante, tais como mergulhar, pular do trampolim, e assim por diante.
O mistério deste fenômeno está na soltura do diafragma, que permite uma forte descarga de fluxo energético para a metade inferior do corpo. Isto fica muito claro para nós quando notamos que segurar a respiração durante estas atividades introduz a ansiedade e destrói o prazer. Acontece a mesma coisa no sexo. Se a pessoa tem medo de se entregar à queda e segura a respiração, as sensações de derretimento não acontecem e o clímax só é parcialmente satisfatório.
Alexander Lowen

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