quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Desvende os segredos do sexo tântrico


1 Quais os principais fundamentos do sexo tântrico? “Respeito, amor e busca pela espiritualidade”, diz a pompoarista e dançarina do ventre Lu Riva, de São Paulo. Segundo ela o Tantra, mais do que uma filosofia ou uma religião, é um estilo de vida. “Meu mestre tântrico costuma dizer que o Tantra é para todos, mas nem todos são para o Tantra”, comenta. A prática, mais do que proporcionar momentos de prazer, tem por objetivo o desenvolvimento integral do ser humano nos seus aspectos físico, mental e espiritual – e as pessoas têm de estar predispostas a isso. Para quem gosta de saber um pouco de história, o Guia dos Curiosos – Sexo (Cia. das Letras), de Marcelo Duarte e Jairo Bouer, conta que tudo começou quando os drádivas, um povo que vivia na região do norte da Índia há cerca de 8 mil anos atrás, desenvolveram uma técnica própria para alcançar a máxima satisfação sexual. O ritual foi batizado de Tantra, palavra que vem do sânscrito “tantori”, que significa “atingir o êxtase”.


2 Quantas lições são necessárias? É difícil falar em quantidade de lições, já que tantra é basicamente formado por vivências, e o “estar preparado” depende muito do que cada pessoa experimentou, viveu, buscou e sentiu. “Para que o casal se torne praticante do sexo tântrico, eu indico um caminho: treinamento da ginástica íntima para aumentar fisicamente a capacidade orgástica pelo fortalecimento da musculatura genital. Homens e mulheres podem praticar a ginástica”, aconselha a pompoarista e professora Regina Racco, de São Paulo.

3 Há um curso específico? A pessoa pode aprender sozinha ou tem de ser a dois? Existem várias escolas tântricas e formadores de grupos tântricos. Como Tantra é vivência, mesmo se a pessoa estiver sozinha, os mestres tântricos e o grupo irão compartilhar o conhecimento e as vivências, mas é claro que tudo que é a dois é mais gostoso, já que uma das bases do tantra é compartilhar. Existem também algumas vertentes do Tantra intituladas NeoTantra, que têm uma visão mais moderna e acreditam que uma pessoa pode desenvolver-se sozinha nos caminhos do Tantra. Para Regina Racco, no entanto, a leitura de manuais já ajuda bastante. “Para um casal, querer conhecer um ao outro, ao mesmo tempo em que os dois ampliam o próprio conhecimento de seus mecanismos de prazer, é o primeiro passo. É a prática que os transformará em praticantes tantristas cada vez mais cientes de suas capacidades orgásticas, caminhando para o comando de sua energia sexual.”

4 Quanto tempo dura, em média, a relação sexual com o sexo tântrico? O “Maithuna” (sexo tântrico) para um tântrico é muito mais que uma relação, é algo que transcende o ser, que envolve um verdadeiro ritual, em que o homem (Shiva) e a mulher (Shakti) se tornam um, desde que respeitados os rituais e a preparação para o “Maithuna”, o sexo sagrado. “Sua prática exige toda uma preparação por parte do casal, caso contrário o sexo não será tântrico, mas apenas sexo. Esses rituais podem levar de, no mínimo, duas horas até rituais completos de 21 dias, segundo algumas de escolas tântricas”, informa Lu Riva.

5 É verdade que os orgasmos são mais poderosos? Tanto para homens quanto para mulheres? “Sim, o ‘Maithuna’ eleva a sensibilidade a tal modo que é impossível descrevê-la. O homem assume o papel de Shiva e a mulher de Shakti, na busca da transcendência do eu pela força máxima do universo dos mistérios sexuais. No caso masculino, para manter a energia sexual, em virtude o formato de lança de seu órgão sexual, é sugerido que ele evite atingir o orgasmo, que prolongue ao máximo o ato, chegando ao chamado hiper-orgasmo, ou seja, um estado de prazer indescritível, que ele mantém pelo tempo desejado, sem necessariamente ter tido um orgasmo, ou um orgasmo múltiplo”, conta Lu Riva. “Meu marido, como detém os conhecimentos e técnicas necessárias para a prática, usa seu autocontrole para prolongar o ato sexual. Além do enorme prazer envolvido na extensão do ato, que pode durar várias horas, o respeito pela parceira, colocando-a em primeiro plano é um fator enriquecedor do relacionamento”, relata a professora de São Paulo.

6 O sexo tântrico exige roupas, música, iluminação, aromas, rituais específicos? Quais? Sim. Transar no escuro, por exemplo, é proibido. O ideal é fazer amor com a luz acesa, sob a luz de velas ou de um abajur. Quanto mais decorado o ambiente, melhor. A expert Lu Riva sugere cortinas, ornamentos, imagens de Shiva e Ganesha, utilização de aromas estimulantes e de cores que estimulam a sexualidade, como vermelho e violeta. “A escolha da música é fundamental, pois ajuda a atuar no carinho e na erotização. Vale a pena ainda usar roupas com tecidos que proporcionam prazer ao toque da pele, como seda ou cetim”, recomenda Lu, que aconselha ainda a escolha de perfumes como sândalo (estimula os chakras), jasmim e rosas (ativam a energia amorosa). O sexo tântrico envolve também Pranayamas (respirações específicas), meditação com Mudras (posições de mão), mantras, veneração do ser amado tal qual como um deus ou deusa, “Lellas” (preliminares), jogos lúdicos e sedutores como toques sensuais, carícias, beijos. Antes da prática, o ideal é fazer uma refeição leve.

7 Quais as principais posições? Existem várias posições sexuais, mas no “Maithuna” é a Shakti (mulher) que na maioria das posições fica por cima ou na frente de Shiva (homem). No Tantra entende-se que é a mulher (Shakti) que possui o homem (Shiva). Segundo os praticantes, assim o homem pode controlar melhor a ejaculação, o pênis tem mais chances de tocar em um ponto conhecido como Svadhisthana Chackra, o equivalente tântrico ao ponto G. A penetração por trás, com a mulher deitada de bruços ou de quatro, também é indicada para alcançar esse ponto mágico. O “tesão” deve ser mantido até o limite do gozo várias vezes.

8 O sexo tântrico traz benefícios para a saúde, a forma física e a autoestima? “Quem pratica um bom sexo tem o corpo mais flexível, mais magro e seus órgãos trabalham melhor, o que garante saúde. Ter prazer aumenta a liberação de endorfinas, o que garante o bem-estar e a alegria”, acredita a pompoarista Regina Racco. Sim, porque o tântrico tem preocupação com a alimentação, respiração, meditação e posturas de yoga para fazer as posições sexuais, tornando assim a autoestima mais elevada. No caso da alimentação, por exemplo, os seguidores são vegetarianos; já os mais tradicionais são, em geral, frugivoristas, que não só rejeitam a carne, como evitam machucar ou matar vegetais. Por isso, comem apenas aquilo que as plantas “querem” que seja comido como frutas e castanhas. Consideram o consumo de folhas, caules e raízes uma violência. Desta forma, acreditam que todo hábito não saudável deve ser substituído por um hábito saudável.

9 O sexo tântrico só pode/deve ser praticado por casais com "relacionamento estável"? Existe sexo tântrico "casual"? Existem escolas tântricas diferenciadas. Algumas indicam que o “Maithuna” deve ser praticado com a parceira fixa; outra linha de escola já indica que o “Maithuna”, como vivência, deve ser realizado com pessoas estranhas, pois assim haverá um maior potencial de erotização e um maior enriquecimento da experiência.

10 Quais as desvantagens do sexo tântrico?É uma prática que não deve ser feita por pessoas imediatistas ou que se concentrem só no prazer sexual, já que envolve preliminares longas e uma conexão espiritual.


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