“O Tantra é um culto ao êxtase, uma religião pessoal baseada, principalmente, na experiência mística do prazer, e não em dogmas preestabelecidos.
Os seguidores do Tantra vêem o sexo como algo sagrado, e por ele têm verdadeira idolatria. Ele dá energia e vida.
A arte, os escritos e os rituais religiosos tântricos glorificam o sexo.
Os tântricos são anti-ascéticos. Eles acreditam na vida. Transmitem a descoberta do divino através da exaltação do ser humano total. Usam todos os sentidos, a mente e o espírito para alcançar êxtases místicos.”
The Eastern Way of Love
Tantra é uma palavra sânscrita que significa “teia” ou “tecedura”, e é geralmente interpretada como “aquilo que faz aumentar o conhecimento”.
Os primeiros textos tântricos encontram-se no Vedas, as mais antigas obras sagradas hindus, sendo que os textos tântricos completos que se conhecem foram escritos em 600 d. C.
Tal como o Taoísmo, o Tantra concebe a realidade num binómio masculino e feminino, representado pelas divindades Shiva e Shakti.
Tudo, o mundo visível e o espiritual é criado pela atividade sexual da deusa Shakti, quando é penetrada pelo deus Siva. Este é o fundamento tântrico: o ritual do sexo sagrado destina-se a unir os opostos , luz/escuridão, constantemente presentes na realidade do universo.
Como o universo nasce do desejo - dança cósmica sexual entre estas duas divindades – os adeptos do tantra, ao contrário da casta dos Brâmanes, não tentam moderar o desejo, mas sim reorientar a sua energia.
Existem muitas maneiras diferentes de abordar a dicotomia masculino/feminino. O Tantra personifica os pólos do masculino e do feminino enquanto essências divinas: Shiva e Shakti; Shiva é o arquétipo da divindade masculina e Shakti é a sua cônjuge, o arquétipo da deusa. Shiva é um grande guerreiro, mas apaixonado, franco e bem-disposto, bem como um marido dedicado e profundamente espiritual.
Shakti é uma deusa radiante e bela, que dança e ri, mas é igualmente poderosa, cruel e descomprometida na forma como se dedica ao amor. Tratam-se de deuses com um cariz muito sexual - o Tantra não partilha da susceptibilidade ocidental em relacionar o sexo com a sacralidade. É óbvio que estes ideais de masculino e de feminino são muito diferentes dos estereótipos ocidentais que todos conhecemos bem.
Shiva representa um problema na nossa cultura, na qual aprendemos a ser competitivos e agressivos, mas onde outras das suas características, como a franqueza, a generosidade e o humor, não são tidas como especificidades do masculino. Nem tão-pouco achamos que estas virtudes estão relacionadas: se os homens não forem tigres ou rochas, é porque são uns simplórios new-age; e quem gostava de ser assim? Pode ser um verdadeiro desafio para um homem nos dias de hoje, conter a energia masculina na totalidade, especialmente quando se está sobrecarregado e esgotado.
Para encontrar rapidamente o equilíbrio entre a energia Shiva, irá certamente ajudar ter por perto uma fonte irradiante de energia Shakti. Todos nós ansiamos pelo esplendor, pelo céu na Terra personificado em Shakti e, quando carecemos das coisas realmente importantes, voltamo-nos para substitutos baratos e ofuscantes, como ver televisão em demasia, horas infindáveis de Internet, beber álcool ou consumir drogas. Sejamos homens ou mulheres, quando não conseguimos alcançar tal esplendor, começamos às voltas, à procura de qualquer coisa que brilhe, algo que funcione como um escape à falta de brilho, beleza e alegria no mundo cinzento.
Shakti apresenta um conjunto correspondente de problemas. As mulheres mostram tendência para passar os seus dias à maneira dos homens - elaborando planos, fazendo com que as coisas aconteçam, realizando tarefas - e, normalmente, não despendem muito tempo a dançar, a abrir o coração, a viver a vida. Este desequilíbrio pode ser bastante esgotante, especialmente para mulheres que vivam com homens esgotados; porque é fácil sentirmo-nos mal-amados e desligados das coisas boas da vida, quando não há ninguém que possa ficar entusiasmado com o nosso brilho. Este dilema extremamente comum destrói o vigor de milhões de relações - o homem está esgotado, visto que não tem uma mulher irradiante na sua vida, e a mulher não irradia, porque o marido está esgotado e desencorajado, não a conseguindo ajudar a gerar energia feminina. Como resultado, não há polaridade para carregar as pilhas do sexo.
Como poderão recuperar polaridade e equilíbrio - e, obviamente, sexo fogoso - numa relação esgotada? A solução passa por identificar e alimentar a vossa própria qualidade energética, seja a masculina ou a feminina, receber a do vosso parceiro e saber como agir para que aquela fusão maravilhosa aconteça sempre que a desejemos.
Antes de avançarmos mais, temos de esclarecer um aspecto importante relativamente a Shiva e Shakti - estão relacionados com o masculino e com o feminino, mas nem sempre têm que ver com o género sexual. Existem casais heterossexuais nos quais é o homem que tem a energia yin e a mulher a energia yang: por exemplo, ele é um artista e ela uma bancária e, no caso deles, é ele que possui o esplendor, enquanto ela possui a determinação e a energia. (Casais homossexuais podem canalizar as duas energias tão eficazmente quanto os casais heterossexuais.)
Do ponto de vista feminino, há muita resistência à ideia da polaridade sexual, porque se está a pedir à mulher para pôr de lado todas as pressões relacionadas com a luta pela igualdade em termos de riqueza, de poder e de reconhecimento. É muito antiquado.
Mas quando falamos de energia, as diferenças de polaridade são necessárias e bem-vindas, e o feminismo de igualdade não pode ser levado em consideração aqui. Na verdade, as consequências que a competição e a rivalidade entre géneros poderão ter numa relação são tremendas. Igualdade, liberdade, justiça - são belíssimas coisas e todos as defendemos, mas a nenhum destes conceitos implica igualdade energética, que, a existir, acarretaria a extinção da polaridade que faz com que o sexo explosivo aconteça.
Assim, eis um facto vital acerca da forte energia sexual: apenas poderá surgir entre pólos opostos. Por vezes, ambos poderão estar concentrados no pólo masculino, podendo dar-se também o caso de ambos assumirem uma posição neutra. É claro que poderão sentir a necessidade de assumir um posicionamento relativamente masculino, ou mesmo neutro, para enfrentar todo um dia de trabalho, mas, se pretenderem criar um relacionamento sexual espectacular, terão de ser capazes de, na cama, abdicarem desse posicionamento. Aprender o que é a polaridade é o primeiro passo para entrar na torrente da energia sexual que nos envolve, porque a polaridade é o elemento que faz com que as energias fluam.
Aprenda a Amar-se a Si Próprio
Amar-se a si mesmo significa descobrir que você merece viver a experiência do êxtase; significa também que você não está disposto a acomodar-se e a aceitar menos do que realmente deseja, especialmente em relação ao sexo.
Livre-se do Sentimento de Culpa
Permita-se vivenciar o sexo como um impulso sadio – uma celebração de vida que o mantém jovem e vivo.
Valorize a Espontaneidade
Alem de aprender técnicas, dê-se o direito de responder, de maneira livre e individual, ao que é novo e desconhecido. Confiar na sua originalidade.
Desenvolver a valiosa capacidade de ser total e incondicionalmente receptivo ao prazer.
À medida que a mente for acalmando, você será capaz de dirigir mais atenção aos seus sentimentos e sensações, expandindo a capacidade de sentir prazer.
A meditação ajuda a obter uma percepção mais verdadeira em relação ao corpo, à mente e ao coração, e a sintonizar estes três aspectos do seu ser, reunindo-os num todo harmonioso, concentrado no agora.
Não se Prenda a Objetivos Preestabelecidos
Lembre-se: você não pode induzir o efeito pretendido, não pode forçar o êxtase.
A entrega é um aspecto essencial nesta aprendizagem. Não é submissão, mas sim render-se a algo que é mais elevado e forte que o próprio querer.
“A libertação sexual implica a libertação de todo o ser: corpo, mente, espírito. Esse ponto de vista holístico é um ingrediente essencial para a compreensão dos Segredos Sexuais.”
